Com apoio do ACNUR, refugiadas empreendedoras participam da Feira Cultural da Diversidade em São Paulo
Com apoio do ACNUR, refugiadas empreendedoras participam da Feira Cultural da Diversidade em São Paulo

Negócios liderados por refugiadas em tenda facilitada pelo ACNUR durante a 24a Feira Cultural da Diversidade, em São Paulo
Com o apoio do ACNUR, duas refugiadas empreendedoras, uma afegã e uma venezuelana, estiveram entre os expositores da 24ª Feira Cultural da Diversidade, realizada no feriado de 19 de junho, na capital paulista. A feira, que fez parte da agenda cultural da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo (SP), contou com público de mais de 30 mil pessoas.
Na mesma semana, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) renovou, por mais 24 meses, a adoção de procedimento simplificado para análise de pedidos de refúgio de pessoas LGBTQIA+ originárias de países que aplicam pena de morte ou pena de prisão para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Na ocasião, foram reconhecidas como refugiadas 42 pessoas que se enquadram nesse grupo.

A venezuelana Bat Seba levou produtos personalizados para a feira
Uma das empreendedoras que esteve na feira é a venezuelana Bat Seba, que veio para o Brasil em 2018. À frente da Latinos Artes Personalizados, ela levou diversos produtos para a feira, entre canecas, camisetas e presentes em geral.
“Foi a primeira vez que participei de um evento como esse, e achei maravilhoso!”, afirma. “As pessoas foram maravilhosas, muito receptiva, sem nenhum preconceito. Muitas perguntaram sobre nossa situação, como refugiados, sobre como podem nos apoiar, conhecer mais nosso trabalho. Fizemos boas vendas, a energia foi muito boa. Espero participar em mais feiras como essa”, completou.

Para a afegã Frozan, a feira também trouxe muito aprendizado sobre empatia e respeito às diferenças
A afegã Frözan levou mercadorias que produz na Nill Arts para comercializar no mesmo espaço disponibilizado pelo ACNUR. Desde 2023, ela vive com o esposo e o cunhado em São Paulo, e seguem com a produção de artesanato – mesmo ramo em que atuavam no Afeganistão. Para a feira, ela levou peças de crochê e joias que produziu com materiais trazidos do país natal, em especial, pedrarias. Segundo ela, as vendas foram além do esperado.
“Eu não achei que as pessoas fossem gostar tanto do meu trabalho, porque o design é muito diferente do que se tem no Brasil. Além das joias com pedras do meu país, eu trouxe algumas peças de crochê que fiz, e vendi muito bem. Fiquei feliz, porque posso pensar em trabalhar mais com esses materiais”, comemora. “O mais importante que aprendi aqui hoje é que não importa se você é LGBT, se tem outra religião, se é refugiado ou brasileiro. Aqui o ser humano é mais importante, e é respeitado. Agradeço muito o ACNUR pela oportunidade. Passamos já por muitas coisas difíceis até chegar aqui, e agradeço muito por não nos deixarem sozinhos.”

Refugiadas empreendedoras estiveram em tenda facilitada pelo ACNUR durante a Feira Cultural da Diversidade
Proteção a população em risco
A Convenção da ONU para Refugiados de 1951, assim como o Estatuto Nacional do Refugiado (Lei nº 9.474/1997), reconhecem a população LGBTQIA+ como um grupo social com temor de perseguição. No Brasil, a simplificação da análise de pedidos de asilo a essas pessoas é uma forma de oferecer maior proteção. Por meio dessa medida, são dispensadas da entrevista de elegibilidade as pessoas LGBTQIA+ que solicitam reconhecimento da condição de refugiada e que são originárias de países que aplicam pena de morte ou pena de prisão para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
Além da dispensa da entrevista, a nota técnica propõe ações complementares, como a reformulação dos formulários de solicitação de refúgio para facilitar a identificação de situações de perseguição relacionadas à orientação sexual ou à identidade de gênero. O documento também recomenda a elaboração de estudos sobre países que, embora não tenham leis de criminalização, mantenham práticas sistemáticas de discriminação contra a população LGBTQIA+.